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Destino dos nutrientes após a absorção


No intestino ocorre a fase de estase do alimento, que seria a "parada" do alimento em determinado local (nesse caso, no intestino), para que esse alimento possa ser absorvido. Com absorção dos nutrientes, estes podem ter diversos tipos de destinos e percorrer caminhos diferentes. A glicose e aminoácidos vão direto para o fígado através da veia porta, já os lipídeos vão para a linfa e posteriormente para o fígado. Esses nutrientes citados são os principais combustíveis metabólicos do corpo, sendo a glicose a principal fonte de combustível. O destino desses nutrientes tem relação direta com o período de tempo em que ocorreu a última refeição, sendo então dividido em 3 estágios: ABSORTIVO (ABSORÇÃO), PÓS-ABSORTIVO (PÓS-ABSORÇÃO) e JEJUM.

Período Absortivo:

Resumidamente, é o período em que o intestino acabou de absorver os nutrientes. Pode ser um período longo ou não, dependendo dos tipos de nutrientes absorvidos.

O destino da glicose:
Primeiramente ocorre a digestão dos carboidratos e depois a absorção desses, na fase de monossacarídeos, sendo a glicose o principal monossacarídeo absorvido. Logo após a absorção de glicose pelos enterócitos, esta seguirá pela veia porta até o fígado, encontrará os hepatócitos e nesse local a enzima glicoquinase, que possui boa afinidade pela glicose, irá rete-la no fígado. Existe uma enzima chamada hexoquinase que é extra-hepática e é a responsável por manter mais glicose no sangue (que será enviada para outros tecidos) do que no fígado. Isso ocorre pois ela possui mais afinidade pela glicose do que a glicoquinase (encontrada no fígado e que também se liga à glicose, deixando uma parte dela no fígado). Essa alta taxa de glicose gera um estado chamado de hiperglicemia, que estimulará a liberação de insulina pelo pâncreas e redução dos níveis de glucagon. Essa alta de insulina aumenta a velocidade do transporte da glicose para dentro das células (onde serão transformadas em energia para o corpo ou serão armazenadas). No fígado a glicose será oxidada, sofrendo glicólise, para gerar energia no ciclo de Krebs (na mitocôndria) e também será armazenada na forma de glicogênio, através do processo de glicogênese, que além de ocorrer no fígado ocorre nos músculos também. No citosol ocorre uma liberação excessiva de Acetil-Coa, que será convertido em ácido graxo e será enviado para o tecido adiposo, onde será armazenado na forma de triglicerídeos. Nas hemácias/eritrócitos a glicose sofrerá fermentação. No cérebro, a glicose passará pela oxidação para gerar energia.


O destino dos aminoácidos:
Os aminoácidos são absorvidos no intestino e enviados para o fígado através da veia porta. No fígado os aminoácidos são desaminados e formam NH3- (amônia) e esqueletons de carbono. Como a amônia é tóxica para o corpo deverá ser eliminada e para isso primeiro vira ureia através do ciclo da ureia. Os esqueletons vão para o Ciclo de Krebs e formam compostos energéticos. Uma parte desses aminoácidos gera proteína. Outros aminoácidos que não são tão bem absorvidos pelo o fígado, como a Leucina, Isoleucina e Valina, são enviados principalmente para os músculos, onde farão a síntese de proteína. Além do músculo vão para o cérebro, tecido adiposo e hemácias. OBS: o consumo excessivo de proteínas sobrecarga os rins, por conta da produção excessiva de ureia, que precisará ser excretada.
ciclo da ureia


O destino de lipídeos:
Os ácidos graxos são transportados por quilomícrons e são absorvidos pelos enterócitos e são enviados para o sistema linfático, ao invés de irem para o sangue. Esses quilomícrons viajam ligados a albumina e percorrem pela circulação sistêmica, chegando então no fígado. Já ácidos graxos ligados a VLDL saem do fígado e vão para a circulação sistêmica, transportando os lipídeos para outros tecidos, os ligados a LDL são fonte de colesterol para os tecidos a partir do fígado e intestino e os ligados a HDL removem o colesterol dos tecidos e leva de volta para o fígado. Os adipócitos são os  principais locais de reserva dos triglicerídeos (os músculos também o armazenam) onde este atua como isolante térmico, sendo ainda um grande armazenador de energia, que será utilizado quando necessário.

O fogo representa a geração de energia através da metabolização de glicose.


Esquemas gerais do estado absortivo.


Período pós-absortivo:

Período em que o corpo começa a utilizar as fontes de energia armazenadas no período absortivo, uma vez que nessa fase não há entrada de nutrientes no organismo.
A hipoglicemia ativa a liberação do glucagon (liberado quando há baixa de glicose no sangue) pelo pâncreas, que em um primeiro momento estimula a quebra do glicogênio hepático (glicogenólise). A glicose, resultado da glicogenólise, será liberada para o cérebro, músculos e hemácias, nesses locais a glicose será utilizada como fonte pra geração de energia (ocorre a oxidação do piruvato, resultado da via glicolítica).
No fígado, além de ocorrer a glicogenólise, ocorre ainda a gliconeogênese, que seria a formação de glicose. Para isso ocorrer, o glucagon agirá nas proteínas musculares, promovendo a proteólise muscular e consequente liberação de aminoácidos, que entram na corrente sanguínea, chegam no fígado e são utilizados para formar piruvato, entrando na via de gliconeogênese hepática. O glucagon também age no tecido adiposo, fazendo com que aja a quebra de triglicerídeos, liberando ácidos graxos. Esses ácidos graxos serão fonte de energia alternativa, principalmente para o fígado e músculo (esquelético e cardíaco).



Período de Jejum:

Esse período ocorre quando há longos espaços de tempo sem a ingestão de alimentos.
Nessa fase os triglicerídeos, corpos cetônicos e ácidos graxos serão os grandes atros, uma vez que serão os principais combustíveis para a geração de energia. A oxidação de glicose diminui, pois não há mais tanta glicose para ser oxidada, uma vez que não há mais glicogênio armazenado e que a proteína muscular deve ter uma quantidade preservada. 
Os triglicerídeos armazenados no tecido adiposo sofrerão hidrólise, resultando na formação de ácidos graxos livres. Esses ácidos graxos provenientes da hidrólise de triglicerídeos sofrerão ação de uma enzima que o transformará em Acetil-Coa. Esta irá para a mitocôndria hepática e acontecerá a beta-oxidação. Assim, ocorrerá um excesso de Acetil-Coa no fígado que para ir para outros tecidos e órgãos deverá  passar pela citogênese, que o transformará em Corpos Cetônicos (cc). Estes corpos cetônicos voltarão a ser Acetil-Coa após chegarem aos outros tecidos e então gerarão energia (Eles vão principalmente para o cérebro).
OBS: ácido graxo não vira glicose. Para este gerar energia será através de corpos cetônicos.

Bons estudos e até a próxima postagem, 
Mariana Torres.



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