Os lipídios possuem diversas funções que são importantes para a manutenção da homeostasia do corpo. As funções são:
- energética
- termogênica
- transdução de sinal
- hormonal
- antioxidante
- estrutural (forma as membranas celulares)
- proliferação e diferenciação celular
- isolamento térmico
- metabolismo do cálcio
- coagulação sanguínea
Além disso, os lipídios são considerados substâncias hidrofílicas e anfipáticas (possuem uma grande região apolar, que é pouco solúvel em água).
Sua composição é principalmente de ácidos graxos. Então se apresentam na forma de gorduras, ceras, óleos e compostos relacionados (hormônios e vitaminas). É importante saber que os lipídios obtidos na dieta são principalmente triacilgliceróis e o restante é constituído por fosfolipídios, colesterol, ésteres de colesterol e ácidos graxos livres.
A digestão de lipídios começa conceitualmente na boca, através da lipase lingual. Todavia, essa enzima praticamente não tem efeito nenhum sob os lipídios, sendo assim, pode-se considerar que, na prática, a digestão ENZIMÁTICA dos lipídios tem início no estômago, uma vez que na boca a digestão que tem mais efeito é a mecânica, através da mastigação.
No estômago ocorre a ação de peristaltismo em conjunto com o suco gástrico, que é uma solução rica em ácido clorídrico e enzimas. A ação de ambos tem como finalidade emulsificar os lipídios, tornando-os mais suscetíveis às ações de enzimas no intestino delgado.
No intestino delgado (duodeno), os enterócitos (células intestinais) detectam a presença do alimento pela concentração de H+ e então produzem secretina, que age no pâncreas, estimulando a produção de bicarbonato de sódio (HCO-3), que neutralizará a acidez do bolo alimentar. A chegada do alimento acidificado pelo suco gástrico induzirá a liberação de colecistocinina, que promove a contração da vesícula biliar e consequente liberação da bile para o duodeno. A bile é formada por ácidos e sais biliares tensoativos, que são capazes de mudar a tensão superficial da água, tendo, então, ação detergente, permitindo que as moléculas de gordura possam diminuir de tamanho e se transformem em micelas (são gotículas de gordura), esse processo é chamado de hidrossolubilização parcial dos lipídios. Após a neutralização do pH e a formação de micelas, retoma-se as ações enzimáticas. A colecistocinina age também no pâncreas, estimulando a liberação de suco pancreático, rico em lipase pancreática, que é responsável pela hidrólise das ligações ésteres dos lipídios, liberando grande quantidade de colesterol, ácidos graxos, glicerol e algumas moléculas de monoacilglicerol. Além disso, há a ação da co-lipase (que auxilia a ação da lipase pancreática, fixando-a), da fosfolipase (que é responsável pela quebra de fosfolipídios), da colesterol-esterase (que atua separando o colesterol do ácido graxo) e da isomerase (que vai agir catalisando a reação), esta é a parte definitiva da digestão. A secretina é um hormônio liberado pelo duodeno para a corrente sanguínea e tem como função estimular a secreção de água e bicarbonato pelo pâncreas.
OBS: boa parte dos sais biliares são reabsorvidos pelo sistema porta e enviados para o fígado, realizando a circulação êntero-hepática, conhecida como economia metabólica.
→ Na aula prática foi realizado um experimento que visava observar a propriedade tensoativa da bile, esse experimento é conhecido como " Chuva de Enxofre". O experimento foi realizado da seguinte maneira: 3 frascos com água destilada, ao segundo frasco foi adicionado 5 gotas de detergente comercial (aquele comum, usado para lavar louça) e ao terceiro frasco foi adicionado 5 gotas de bile não diluída. Em cada frasco foi adicionado à superfície enxofre em pó. Os resultados obtidos foram os seguintes: no primeiro frasco o enxofre não se encorporou à mistura, uma vez que ele é insolúvel em água, já no frasco 2 e 3 os resultados foram parecidos, uma vez que o detergente comum e a bile possuem as mesmas propriedades, observou-se em ambos os frascos a chuva de enxofre. O enxofre foi sendo incorporado à mistura uma vez que há presença do tensoativo (bile e detergente), que possui a função de emulsificar a gordura.
OBS: infelizmente não tenho as fotos dos resultados obtidos em aula, mas peguei a foto abaixo da internet para ilustrar a chuva de enxofre que ocorreu nos frascos 2 e 3 e o resultado obtido no frasco 1, em que o enxofre não foi incorporado à mistura por falta do tenso ativo.
(foto: https://pensandociencias.wordpress.com/2016/08/)
No copo à esquerda ocorre a representação do que ocorreu no frasco 1 e no copo à direita há a representação do que ocorreu nos frascos 2 e 3.
Os ácidos graxos livres, quando são absorvidos pelos enterócitos, migram para o retículo endoplasmático liso e nesse local são esterificados e voltam a ser glicerol e monoacilglicerol, formando os triglicerídeos novamente. Esses compostos só foram quebrados para que pudessem passar pelos enterócitos. Os triglicerídeos se juntam aos fosfolipídios e colesterol e formam os quilomícrons (uma lipoproteína), que circularam através dos vasos sanguíneos (os mais hidrofílicos) e vasos linfáticos (os mais hidrofóbicos) até os tecidos. Esse transporte pode ir até o fígado, onde serão metabolizados e, caso necessário, serão armazenados nos adipócitos.
Bons estudos e até o próximo post,
Mariana Torres
Comentários
Postar um comentário